
TEXTOS:
Porque as crianças choram no período de adaptação escolar
Após a difícil decisão de iniciar a vida escolar dos filhos aos 4 meses, 1 ou 2 anos, começa a maratona para se adequar a essa nova rotina. Conhecer os profissionais da escola, sua infraestrutura, comprar o material escolar, torna-se uma realidade que será vivenciada pela família.
Todos preparados quando chega o grande dia! Será que ele vai chorar? Como será sua professora? E seus colegas? Será que se adaptará? Essas dúvidas, perguntas e receios acontecem sempre, e só passarão com o tempo.
o choro? Pode acontecer, e normalmente é vivido pela criança que está separando-se de sua família pela primeira vez, para ficar com pessoas que não são do seu convívio habitual e, portanto, é totalmente compreensível e trabalhado pelos profissionais da escola.
Às vezes ocorre o “choro solidário”, quando os pequenos choram ao ver os colegas chorarem. Tudo isso é administrado com muita naturalidade pela professora e por sua equipe. E quando a criança não chora? Excelente para ela, mas...
os pais? Como ficam? Fácil saber: CHORAM! Às vezes, mais que os filhos, revelando ansiedade, insegurança e outros vários sentimentos difíceis de descrever.
Mas é essencial manter a calma e o controle para transmitir segurança aos filhos que são deixados sob os cuidados da escola. Não se preocupe, pois todos os sentimentos até então desconhecidos para os "pais de primeira escola", inclusive a dificuldade de entender o que está acontecendo, já são esperados pela escola, que está preparada para dar o suporte necessário para os pais, que, na maioria das vezes, precisam mais de colo do que os seus filhinhos.
Esse é um processo natural que passará à medida que os pais conhecerem a instituição de ensino, acompanharem o desenvolvimento dos filhos e estabelecerem a relação de confiança com a escola.
Quando isso acontece esquecemos o choro e começamos a desfrutar a alegria de perceber o crescimento dos filhos.
isso, escolha bem a escola daqueles que são mais preciosos para você e prepare-se para também adaptar-se a essa nova realidade.
Maciel - Coordenadora Pedagógica do Colégio Batista Mineiro
Da família para a escola: O período de adaptação
Expectativa, ansiedade, dúvidas, perguntas e até um certo nervosismo! Tudo depende de disposição e orientação para que o processo de adaptação em uma nova escola aconteça de forma natural e gradativa. Nesse período família e escola precisam estar em sintonia, atentas e apoiando-se mutuamente. Cada um tem seu papel para que a criança se adapte com tranquilidade a tudo de novo que está acontecendo. Todos desejam que tudo transcorra com naturalidade, mas para cada criança e cada família este processo ocorre de um jeito diferente.
Não é possível compreeender os sentimentos de uma criança sem pensar nos sentimentos que envolvem os pais. Aquela pequena e amada criatura vai deixar pela primeira vez o mundo restrito da família, para entrar em um outro maior e desconhecido.
É importante que os pais tenham certeza da escolha que fizeram e sintam a escola como um ambiente acolhedor e de parceria. Quanto mais tranquilos os pais estiverem mais segurança transmitirão aos filhos e mais fácil será a sua adaptação. Por isso faz-se necessário planejar o período de adaptação, para que pais e filhos se familiarizem com o novo ambiente, conheçam as pessoas e gradativamente sintam-se tranquilos e confiantes.
A criança se expressa principalmente através do corpo e de atitudes,sendo assim, neste período é comum ocorrerem mudanças no seu comportamento, como alteração no sono, perda de apetite e o choro. Este último é uma manifestação muito frequente neste período, é uma linguagem infantil marcante, uma maneira que os pequenos tem de se comunicarem e se fazerem entender. É importante que os pais não se pertubem ou se fragilizem diante dele, pois nem sempre o choro significa que a criança não queira ficar na escola.O tempo de adaptação depende das características e da idade de cada criança. Costumamos dizer que quanto menor a criança, mais a adaptação pertence aos pais. Quanto mais seguros estiverem melhor será a adaptação do filho. À medida que a criança vai crescendo e estabelecendo outros vínculos sociais, as manifestações neste período tendem a diminuir. Para que a criança inicie o processo de adaptação com segurança e tranquilidade, destacamos algumas dicas:
Vinculo família x escola
•Evite fazer comentários sobre a adaptação da criança em sua presença. •Entregue seu filho à professora e caso já esteja caminhado, coloque-o no chão, para facilitar a despedida. Deixe seu filho, diga adeus com naturalidade não prolongue a despedida, pois com o tempo ele vai perceber que você volta todos os dias para buscá-lo.•Evite olhar para trás e voltar porque começou a chorar. Se sentir necessidade, espere na portaria ou telefone em seguida para pedir informações.•Evite interrogatório sobre o dia da criança na escola. Esta atitude pode demonstrar a sua insegurança. Se seu filho falar naturalmente, dê-lhe atenção, mas não faça inquisição.
Alteração no comportamento
•Evite mudanças significativas na rotina – retirada de fralda, bico, mama-deira, mudança de quarto, etc.•Deixe que, no início, a criança leve um objeto de casa. Pode ser um brinquedo ou qualquer outra coisa a qual tenha apego. Este objeto representa uma ligação com a casa e faz a criança se sentir mais segura.
Tempo – Frequência
•Respeite o horário de entrada e saída estipulado pela professora ou coordenadora. Neste período devemos aumentar gradativamente o tempo de permanência da criança na escola. •Mantenha a regularidade e pontualidade. Evite faltas por motivos simples. Não ceda ao pedido de não ir à escola (basta ceder um dia para enfrentar outras situações iguais no futuro).•Em alguns casos, a presença de um dos pais nos dois primeiros dias é importante.
Atitudes
Evite comentar, perto da criança, os planos sobre o que pretende fazer durante o período em que ela estará na escola.
Não compare seu filho com outras crianças. Cada uma tem seu ritmo próprio e terá formas diferentes de expressar seus sentimentos,pois com o tempo ele vai perceber que voltam todos os dias para buscá-lo.
Crie uma rotina em casa para curtir seus filhos no tempo disponível, acariciando, brincando e mostrando seu amor por eles.
Ana Paula de Rezende Bartolomeu - Psicóloga e Diretora da Trilha da Criança.
Construindo regras e limites: você impõe limite junto aos seus filhos?
A convivência social requer limites que buscam organização e harmonia nas relações, preservando e propiciando ao sujeito o respeito por si próprio e pelo outro. Para Içami Tiba “permitir nada ou, no extremo oposto, permitir tudo, são hábitos igualmente nocivos do ponto de vista educacional”. Os limites ajudam as pessoas a se situarem nas relações sociais. Pensando assim, tanto a família quanto a escola são responsáveis por esclarecer para as crianças as regras de boa convivência.
As instituições, familiar e escolar, devem ter, primeiramente, clareza dos valores e princípios que permearão a convivência em cada um destes lugares. Esse é o ponto de partida para que se construam regras com suas crianças. Elas precisam ser informadas da razão de existir dessa ou daquela regra e para isso o diálogo respeitoso e democrático é que permeará os acordos, popularmente conhecidos como “combinados” construídos no dia a dia.
Não são raras as situações em que nos pegamos cobrando das crianças, comportamentos e posturas que julgamos certas e desejáveis, mas que muitas vezes elas nem sequer ouviram falar, muito menos entendem e ou nos viram fazer. Um exemplo que sempre dou para os pais é o passeio ao shopping, lugar onde se tem várias lojas e é normal qualquer criança se sentir seduzida e querer algum brinquedo. Porém, se num dia em específico vocês vão comprar apenas o sapatinho que a criança está precisando e depois fazer um lanche juntas, antes de sair de casa é preciso que os pais conversem com a criança, explicando-a que não se trata de nenhuma data comemorativa que mereça presente, como aniversário ou dia da criança e que, portanto, não vão comprar brinquedos, assim ela vai mais consciente do objetivo do passeio e as probabilidades de dar errado com birras e choro se tornam bem menores, além de nos dar a oportunidade de lembrá-la do que foi conversado e explicado em casa.
Na escola e na sala de aula não é diferente. Sempre que preciso é hora de “fazer a roda” para conversarem sobre a melhor forma de se organizarem, de conviverem e de atingirem os objetivos propostos com as atividades.
Regras e combinados nascem de uma necessidade e demanda de organização do grupo, portanto, envolvem pessoas, muita conversa, exposição de ideias e negociações justas e democráticas. É mais fácil para as crianças seguirem regras que elas ajudam a criar, afinal, educamos para a autonomia e não para a passividade e obediência.
Paulo Freire (1997) afirma que “os educadores, pais e professores, devem assumir uma atitude política, mas sem, contudo, usarem de autoritarismo, impondo suas opções de maneira arbitrária aos seus educandos. Antes, envolve uma postura ética e democrática, deixando seus alunos/filhos conhecedores de outras perspectivas, além de reconhecer que eles possuem o direito de assumir posturas, ter opiniões, diferentes das suas”.
Na Escola Visconde de Sabugosa cada turma passa por ajustes constantes e aos poucos os combinados (acordos) são estruturados, oportunizando o melhor andamento da rotina. Lá as crianças não precisam ser “mandadas”, mas “lembradas” das regras construídas em grupo, levando-as a refletirem sobre suas ações. Mas, é importante lembrar que aprender a resolver problemas por meio do diálogo e se colocar no lugar do outro, é um aprendizado lento, que exige muita persistência, respeito ao outro e reflexões contínuas, mas eficazes. O mesmo não acontece, quando não conversamos, não trocamos idéias e principalmente quando não envolvemos nossas crianças. A probabilidade da aula ser comprometida com inúmeras paradas para chamada de atenção, quando não, para longos discursos e consequentemente uma relação estressante são bem maiores.
Vamos encarar as conversas, as trocas e negociações, como ganho e não como perda de tempo. Tudo é uma questão de investimento e muita dedicação, mas que vale a pena!
Atenção Pais, com a escolha do jardim de infância para seu filho!
Abram os olhos na hora de escolher um jardim de infância para o seu filho.
O que é mais importante quando os pais vão procurar uma escola para a criança de zero a seis anos?
A infância é a primeira e mais importante fase da vida de um ser humano, na qual ocorre a iniciação da formação de seu caráter, é o período mais breve da vida, e o entanto, se não for bem orientada a educação, durante esse período, poderá causar danos irreparáveis, comprometendo toda a vida futura da criança – equilibrada, feliz ou doentia, desordenada e infeliz. A felicidade dos filhos é produto da inteligência, compreensão e paciência dos pais se estes, em tempo, souberam orientá-los pelo rumo certo.
É inegável que é a família quem forma o coração e o caráter da criança. Uma criança necessita muito mais de exemplos do que de palavras. Em seus primeiros anos, a criança ainda nada conhece desse mundo na qual está inserida. Ela é orientada e protegida pelo adulto e tudo tem que ser ensinado, pois além de não conhecer outro referencial, o que aprende torna-se verdade e real, absorvendo aquilo que está a sua volta.
Portanto, a primeira escola é complemento do lar, da família. Essa é uma das razões pelos quais os pais tem que procurar fazer uma boa escolha na hora de optar pela escola para onde o seu filho irá estudar.
O primeiro critério que achamos fundamental é a escola que dê muita afetividade para a criança e que a faça feliz, respeitando-a nas suas questões emocionais. Não tem nada mais benéfico a uma criança que conviver e brincar com outras crianças.
É através do brincar que a criança desenvolve as capacidades: cognitiva, motora, afetiva, ética, estética, de relação interpessoal e de inserção social. A brincadeira é convidada de honra do processo educativo, e o brincar, às vezes, é considerado nas escolas infantis como um momento destituído de significado. No entanto, tais atividades são imprescindíveis para que a criança encontre a satisfação de estar na escola e o prazer de estudar. A infância deveria ser cuidada como uma planta, recebendo água e nutrientes na medida adequada, como já dizia o grande mestre e pedagogo alemão Friedrich Froebel. A partir dessa percepção, Froebel colocou a atividade lúdica no centro da pedagogia. Assim que nasceu o nome “Jardim de Infância”.
Outro aspecto muito importante são as instalações físicas: são acolhedoras, amplas, confortáveis, arejadas, seguras, conservadas e limpas?
Pergunte sobre o processo de inscrição e enturmação: critérios, número de alunos por turma, se os profissionais que trabalham são de bom nível, e se os professores fazem curso de capacitação.
Verificar se a escola tem sua proposta pedagógica redigida em documento explícito e claro, a filosofia de trabalho, como se dá a avaliação da aprendizagem.
Visite as dependências da escola: pátio, cantina, salas, banheiros e observe equipamentos, mobiliários, materiais, jardins, play-ground, segurança, localização, dentre outros.
Observe o funcionamento da escola: se há pessoal suficiente e de bom nível (atendentes, auxiliares, serventes, coordenadores e professores). Informe-se sobre a proposta curricular: aulas especializadas de música e educação física, atividades extra classe, a rotina diária, o cronograma e horário. A escola é abertaà participação dos pais com reuniões, confraternizações... lembre-se de que escola é para seu filho se sentir acolhido, descobrindo o mundo, de maneira alegre, dinâmica, criativa e o mais importante “Feliz”.
Ana Helena Uchôa Costa Dreisten Diretora da Escola Visconde de Sabugosa.
Alfabetização: Qual o momento certo para iniciar?
Com as mudanças que veem ocorrendo na educação nos últimos anos, como por exemplo, o ingresso aos 6 anos de idade no 1º ano do Ensino Fundamental, uma pergunta se tornou presente no dia a dia de pais e educadores. Qual o momento certo para a alfabetização?
Durante muito tempo a alfabetização foi entendida como mera sistematização do B+A = BA, ou seja, como a aquisição de um código fundado na relação entre fonemas e grafemas. Como a prática de leitura e escrita era bastante reduzida, tendo em vista que grande parte da população era analfabeta, a simples consciência fonológica que permitia aos indivíduos associar sons e letras para produzir/interpretar palavras, era suficiente para diferenciar o alfabetizado do analfabeto.
Porém, sabe-se hoje que a leitura e a escrita são instrumentos básicos para o ingresso e participação numa sociedade letrada, sendo fator fundamental para a apropriação dos saberes já conquistados. A educação formal é, portanto, a chave para a construção de uma sociedade democrática, desenvolvida e socialmente justa.
Desta forma, retomando a questão, sabe-se que entre o 5º e o 8º ano de vida é o momento ideal para que ocorra a alfabetização, mas para que isso aconteça, deve se levar em conta fatores fisiológicos, emocionais, intelectuais e ambientais. É necessário também que a criança desenvolva alguns pré-requisitos, que são percepções apreendidas antes do período da alfabetização, como: o desenvolvimento e percepção do esquema corporal; a coordenação motora grossa; a coordenação motora fina; lateralidade; orientação espacial e orientação temporal.
Outro fator importante que deve ser considerado também é que algumas crianças não amadurecem de acordo com a sua idade cronológica, umas são mais precoces, enquanto outras são mais lentas. Por isso, a escola incorre num sério problema ao utilizar o critério idade para introduzir a criança no processo de alfabetização, pois essa variável não garante o sucesso do aluno em relação às metas visadas pelos programas escolares. Além disso, como a escola é estruturada contemplando um eixo temporal único, de acordo com uma pro¬gressão linear acumulativa e irreversível, entra em contradição com a própria natureza da aprendizagem, que deve ocorrer por meio da aproximação do individuo com o objeto de conhecimento, considerando e respeitando o tempo e a individualidade de cada um.
Neste contexto, a resposta sobre o momento ideal para que ocorra a alfabetização, deve ser dada também pela própria criança, pois a alfabetização não é um processo natural do ser humano, pelo contrário, é um processo complexo, no qual o indivíduo precisa aprender o alfabeto e a sua utilização como código de comunicação. É importante ressaltar, que esse processo hoje não deve se resumir apenas na aquisição mecânica do ato de ler (codificar e decodificar), mas é preciso desenvolver habilidades para interpretar, compreender, criticar e produzir conhecimentos.
Portanto, nessa fase (5 a 8 anos) é importante que pais e educadores, enquanto agentes de mediação, estejam atentosà defasagem significativa que a criança venha a apresentar em relação aos seus pares, pois existem vários fatores (emocionais e/ou patológicos) que podem desencadear um processo de transtorno de aprendizagem. Caso haja uma hipótese de que algum fator possa impedir o desenvolvimento natural da criança, é necessário buscar ajuda de um profissional especialista, para que essas dificuldades possam ser trabalhadas de forma efetiva e a criança possa vencer esses obstáculos e desenvolver-se de forma plena.
Celeste Chicarelli - Pedagoga graduada pela UEMG - Pós-graduada em psicopedagogia – UEMG
A importância do LÚDICO no desenvolvimento da criança
O brinquedo é oportunidade de desenvolvimento brincando, a criança experimenta, descobre, inventa, aprende e confere habilidades. Além de estimular a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração e atenção.
A descoberta do mundo pelo brincar tem efeitos evidentes sobre a evolução das habilidades da criança; a brincadeira proporciona a elaboração de estratégias para a resolução de pequenos problemas, organização em etapas, faz de conta, conhecimento de conceitos de tamanho e quantidade; favorece o desempenho motor, os deslocamentos, a coordenação das mãos, a fala, entre tantos outros requisitos para o seu desenvolvimento e bem estar.
Brincando com um baldinho cheia de água e uma colher, uma criança experimenta a habilidade de dosar sua força e seus movimentos para não deixar o líquido cair, a diferença do peso do baldinho cheio e vazio, ajusta a forma de pegar, vivencia o conceito de cheio/ vazio e de quantidade (muito/ pouco), imagina pratos e sabores variados, transporta o líquido de um recipiente para outro, aprende a mexer sem derramar, comunica o que está imaginando ou fazendo e assim por diante.
Brincando, a criança exercita sua independência, expressa sentimentos, superam desafios. E o melhor de tudo é que isso acontece de forma natural, desde que tenha a oportunidade do brincar livre, sem direcionamentos.
Na brincadeira, as crianças interagem com outras pessoas, com isso expressam e comunicam seu mundo interno.
Segundo Piaget, entre os dois e os seis/sete anos de idade, a simbologia surge com um papel fundamental nas brincadeiras, como por exemplo: o "faz de conta", as histórias, os fantoches, o desenho, o brincar com os objetos atribuindo-lhes outros significados, entre outros.
È Importante lembrar aos pais e cuidadores da criança, que os momentos de brincar, tomar banho, comer ou trocar de roupa servem também, para estimular a coordenação motora, a participação cada vez mais independente nas atividades assim como estimular a linguagem(a forma como organizamos nosso pensamento) e a comunicação. Para que o brinquedo seja significativo para a criança é preciso que tenha pontos de contato com a sua realidade. Através da observação do desempenho das crianças com seus brinquedos podemos avaliar o nível de seu desenvolvimento motor e cognitivo. No lúdico, manifestam-se suas potencialidades e ao observá-las poderemos enriquecer sua aprendizagem, fornecendo através dos brinquedos os nutrientes ao seu desenvolvimento de fala.
Cada criança tem seu próprio ritmo de desenvolvimento, que pode ser influenciado pelos fatores hereditários, pelo ambiente e, principalmente pelos estímulos que recebe. Esses estímulos interferem de forma positiva no desenvolvimento da emoção, do sistema nervoso, e refletem em diversas áreas do comportamento do bebê e da criança. Por isso, é tão importante que os pais participem ativamente da vida de seus filhos, estimulando-os de maneira correta, para que eles possam desenvolver ao máximo seus potenciais.
Adriana Klautau – Fonoaudióloga, Especialista em Fonoaudiologia em Âmbito Hospitalar (Faculdade Estácio de Sá-BH); Docente do Curso Cuidar de Criança do Hospital Belo Horizonte - CRFa.5253MG.
A fase do “POR QUÊ?” chegou – o que fazer?
Por que ele pergunta tanto? Por que quer saber tudo? Por que não se contenta com as minhas explicações? Essas são perguntas frequentes de quem convive com crianças entre 3-4 anos. Um período de curiosidade e indagaçãoque representaum marco no desenvolvimento da inteligência.
Sob certos aspectos, a fase em que a criança completa 3 anos é de relativa calma para os pais, ela não precisa de supervisão o tempo todo, retirou as fraldase é independente em diferentes tarefas. Porém se torna questionadora e pergunta e usa muito “por quê?”. Esse é um momento que assusta muitos pais, que ficam sem saber até onde devem responder as perguntas dos filhos.
Não há razão para alarde e sim para um ajuste na qualidade do diálogo adulto-criança, pois o amadurecimento cognitivo nessa idade é muito grande. A criança já distingue a fantasia do real, podendo dramatizar a fantasia sem que acredite nela. Porém, seu pensamento continua centrado no seu próprio ponto de vista, ela vive a fase egocêntrica.Quanto à linguagem não mantém uma conversação longa mas já é capaz de adaptar sua resposta às palavras do interlocutor.
Portanto, diante desse cenário de desenvolvimento vai uma primeira orientação para os pais: responda todas as perguntas de maneira objetiva,pois a criança ainda raciocina de um ponto de vista único e espera objetividade de quem responde, desinteressando-se quando as explicações são cheias de detalhes e partem para o abstrato. Apesar de racionar concretamente, ela não aceita respostas ao acaso, do tipo “é porque é” ou “porque sim”. Tudo deve ter uma explicação uma vez que já é capaz de perceber o global, o que ressalta a importância das respostas dadas pelos adultos serem realistas. Outro fato importante a ser considerado, como ela não se atém aos detalhes, se deixa levar por tudo que vê e ouve, não conseguindo relacionar os fatos. Isso é perfeitamente normal, indício de que está em pleno desenvolvimento. Um exemplo claro dessa fase, que chamamos de período pré-operacional segundo a teoria de Piaget, é quando passamos a mesma quantidade de líquido de um copo maior para um copo menor. A criança nega que a quantidade de líquido continua a mesma baseada na diferença dasformas dos copos. Mesmo que um adulto tente explicar a relação entre as situações, será difícil a compreensão por parte dela, que sempre vai perguntar: “Mas, por quê?”. Por isso é primordial conhecer os aspectos básicos do desenvolvimento infantil e ficar atento aos indícios de transição de uma fase para outra e, sobretudo, nessa fase, ter cautela para não interpretar as perguntas como incapacidade de compreensão da criança. Lembrar que perguntar é um exercício para o desenvolvimento da inteligência, mas também da personalidade e da identidade. A criança quando pergunta não o faz para qualquer indivíduo, ela escolhe alguém que tem valor afetivo porque espera uma contrapartida que mesmo que não a sacie de imediato venha, pelo menos, carregada de acolhimento. A fase dos “porquês?” exige paciência e respeito das pessoas que cuidam dos pequenos, nunca se deve perder de vista o fato de que eles estão construindo suas próprias maneiras de pensar. Atitudes hostis podem contribuir para a inibição, causando vergonha, desinteresse e medo por querer perguntar e descobrir. Uma boa forma de amenizar as perguntas é devolvê-las para que a própria criança tente explicar, ou utilizá-las em momentos que esta não queira obedecer. Quando diz que não quer comer a mãe poderá perguntar-lhe o porquê, se não quer tomar banho poderá também utilizar uma pergunta e, assim, mostrar que nem tudo pode acontecer da forma como ela deseja.
E à medida que for compreendendo o mundo que a cerca e as causas das coisas deixará de questionar sobre as coisas do cotidiano e redirecionará sua atenção para outras aprendizagens.
Ubirani Lucena, psicóloga e consultora em educação infantil do Canguru Centro Lúdico
BRINCAR – uma linguagem corporal
Os bebês nascem com a capacidade de ver, ouvir e realizar ações reflexas. Durante os primeiros anos de vida, eles desenvolvem habilidades básicas e complexas como falar e andar. Enquanto a infância transcorre, as habilidades intelectuais aumentam, e as motoras são refinadas. A criança também adquire comportamentos sociais, tal como sorrir, para interagir com as pessoas à sua volta. O crescimento físico é muito rápido durante a fase de lactente, e, a seguir, estabiliza-se lentamente até a puberdade. Em razão desse crescimento das habilidades da criança, consideramos de grande importância as brincadeiras corporais. Brincando, a criança não apenas se diverte, mas recria e interpreta o mundo em que vive, constrói conhecimentos e desenvolve capacidades importantes como a atenção, a memória, a imitação, a imaginação. O brincar potencializa o desenvolvimento, já que assim aprende a conhecer, a fazer, a conviver e, sobretudo, aprende a ser. Para além de estimular a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, proporciona a ampliação da linguagem e do pensamento. As posturas e os gestos da criança fazem parte de um conjunto de atividades que representam o ato motor: subir e descer, andar, correr, entrar de baixo dos móveis, rolar no chão, imitar os bichos etc. Ao brincar de roda, por exemplo, a criança coordena o movimento do corpo conforme ritmo da música e do grupo, favorecendo dentre as habilidades motoras e organização do seu corpo no espaço, a socialização.Enquanto brinca, elaintegra corpo, símbolos e regras, combinação responsável por sua inserção no mundo histórico e cultural.
Ao interagir com colegas ou manipular objetos, a criança desenvolve capacidade de construir referenciais de comunicação, pois, quanto maior o número de trocas com o meio, maior o "vocábulo" gestual e por conseguinte as possibilidades de comunicação através da linguagem corporal. Oferecer a criança variedades de objetos como: retalhos de pano, panelas, colher de pau, sapato do pai, da mãe e outros, possibilita que ela crie novas maneiras de brincar e contribui para a construção de sua personalidade. Portanto a criança é corpo e movimento em tudo o que faz – seu corpo é ativo no espaço que ocupa, comunica-see interage com os outros ao seu redor. Necessita estar, ser, sentir, expressar-se. Chora, ri, grita, corre e brinca. A linguagem presente no gesto, nos movimentos simples ou complexos permite à criança ser e estar no mundo, um mundo da diversidade, que faz com que cada criança procure formas de imitá-lo e interpretá-lo para aprender a viver.
Gislaine Caetano Carvalhar – Psicóloga-psicopedagoga e ArteterapeutaFlávia Medrado – Pós graduada em Educação Infantil – professora do Infantil ICentro Educacional Trilha da Criança
A importância da presença dos pais na vida dos filhos
Sou educadora há 13 anos. Sempre trabalhando com crianças até 7-8 anos, de escolas particulares. Tive nesse período muitas experiências com os alunos, convívios dos mais variados com famílias e, por isso mesmo, pude colecionar algumas observações sobre a relação entre pais e filhos nesta última década.
Numa sala de aula, professores escutam e constatam uma infinidade de realidades vivenciadas pelas crianças.
Certa vez, uma menina de 5 anos ficou com febre na escola em que eu trabalhava. Telefonamos para sua casa, com a intenção de informarmos a mãe. A babá informou que a mãe estava viajando a trabalho e que só chegaria no dia seguinte. A possibilidade de buscar a criança mais cedo foi descartada, já que o motorista havia levado o pai para uma reunião. Fomos então em busca, da ficha preenchida pelos pais, no dia da matrícula. Medicamos com o remédio que os pais tinham por hábito ministrar e anotamos no caderno de recados da criança o procedimento adotado para que a família soubesse do horário e a temperatura que a criança alcançou. Nada de anormal nesse relato, a não ser que essa menina foi e voltou durante toda semana com febre e o ritual do telefonema e da medicação foram também repetidos. As anotações feitas todos os dias pela professora sequertiveram um olhar daqueles pais.
A escola tem um papel importante na educação e desenvolvimento de todo ser humano. Isso é incontestável. Mas antes da escola surgir na vida desse ser, há uma família que responde legal e socialmente por aquela criança. Tenho visto escolas tentando fazer o papel dos pais, oferecendo quem faça os deveres de casa, o almoço, o horário das brincadeiras, o acampamento do final de semana, o médico e o dentista, o aniversário, o esporte, e sabe-se lá mais o que terão que suprir no seu espaço escolar. E eu me pergunto: qual a importância da presença dos pais nessas atividades tão próprias da infância? O que esses pais estão perdendo? E o pior, o que está ficando na vida dessas crianças? Que referências de família terão? Que conceito real do que é ter uma mãe ou um pai por perto nesses momentos será construído?
O humanista argentino Carlos Bernardo González Pecotche (1901-1963), afirma numa de suas conferências que...“ os problemas da juventude têm que encará-los na infância, não em outra parte; na infância de hoje ou na infância que virá, porque muito difícil haverá de ser agora encarar a juventude que tenha tomado caminhos extraviados...” (18/12/59).
Refletindo sobre o citado acima e as experiências que já vivi com alunos e pais, fico pensando que seres teremos no futuro? Como esperar que floresçam nessas crianças um ideal de constituir uma família que desfruta e aprende em conjunto? Durante esses anos, observo alguns pais de alunoscomprometidos e dispostos a doar um pouco do tempo que lhes sobram para ficar efetivamente com seu filhos. Brincam, contam histórias, falam sobre o que fizeram, relatam como era sua infância, passeiam e algo importante: ouvem os filhos!
É claro que no mundo de hoje as obrigações do dia-a-dia complicam um pouco mais a missão maravilhosa dos pais. Mas é necessário que pais e mães entendamque um colinhona hora da febre, que a vela de aniversário sendo soprada e que a dúvida do dever de casa sendo esclarecida, sempre terãooutro gostinho quando feitos pelas pessoas que os filhos mais querem por perto: seus pais.Marise Nancy de Alencar -Coordenadora Pedagógica – Colégio Logosófico.
A importância da presença dos pais na vida dos filhos
Sou educadora há 13 anos. Sempre trabalhando com crianças até 7-8 anos, de escolas particulares. Tive nesse período muitas experiências com os alunos, convívios dos mais variados com famílias e, por isso mesmo, pude colecionar algumas observações sobre a relação entre pais e filhos nesta última década.
Numa sala de aula, professores escutam e constatam uma infinidade de realidades vivenciadas pelas crianças.
Certa vez, uma menina de 5 anos ficou com febre na escola em que eu trabalhava. Telefonamos para sua casa, com a intenção de informarmos a mãe. A babá informou que a mãe estava viajando a trabalho e que só chegaria no dia seguinte. A possibilidade de buscar a criança mais cedo foi descartada, já que o motorista havia levado o pai para uma reunião. Fomos então em busca, da ficha preenchida pelos pais, no dia da matrícula. Medicamos com o remédio que os pais tinham por hábito ministrar e anotamos no caderno de recados da criança o procedimento adotado para que a família soubesse do horário e a temperatura que a criança alcançou. Nada de anormal nesse relato, a não ser que essa menina foi e voltou durante toda semana com febre e o ritual do telefonema e da medicação foram também repetidos. As anotações feitas todos os dias pela professora sequertiveram um olhar daqueles pais.
A escola tem um papel importante na educação e desenvolvimento de todo ser humano. Isso é incontestável. Mas antes da escola surgir na vida desse ser, há uma família que responde legal e socialmente por aquela criança. Tenho visto escolas tentando fazer o papel dos pais, oferecendo quem faça os deveres de casa, o almoço, o horário das brincadeiras, o acampamento do final de semana, o médico e o dentista, o aniversário, o esporte, e sabe-se lá mais o que terão que suprir no seu espaço escolar. E eu me pergunto: qual a importância da presença dos pais nessas atividades tão próprias da infância? O que esses pais estão perdendo? E o pior, o que está ficando na vida dessas crianças? Que referências de família terão? Que conceito real do que é ter uma mãe ou um pai por perto nesses momentos será construído?
O humanista argentino Carlos Bernardo González Pecotche (1901-1963), afirma numa de suas conferências que...“ os problemas da juventude têm que encará-los na infância, não em outra parte; na infância de hoje ou na infância que virá, porque muito difícil haverá de ser agora encarar a juventude que tenha tomado caminhos extraviados...” (18/12/59).
Refletindo sobre o citado acima e as experiências que já vivi com alunos e pais, fico pensando que seres teremos no futuro? Como esperar que floresçam nessas crianças um ideal de constituir uma família que desfruta e aprende em conjunto? Durante esses anos, observo alguns pais de alunoscomprometidos e dispostos a doar um pouco do tempo que lhes sobram para ficar efetivamente com seu filhos. Brincam, contam histórias, falam sobre o que fizeram, relatam como era sua infância, passeiam e algo importante: ouvem os filhos!
É claro que no mundo de hoje as obrigações do dia-a-dia complicam um pouco mais a missão maravilhosa dos pais. Mas é necessário que pais e mães entendamque um colinhona hora da febre, que a vela de aniversário sendo soprada e que a dúvida do dever de casa sendo esclarecida, sempre terãooutro gostinho quando feitos pelas pessoas que os filhos mais querem por perto: seus pais.Marise Nancy de Alencar -Coordenadora Pedagógica – Colégio Logosófico.
TRANSIÇÃO: Uma ação necessária
A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como objetivo o desenvolvimento integral da criança, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social. A escola de educação infantil tem um papel fundamental na vida da criança, pois traz algo completamente novo ao curso de seu desenvolvimento. Constitui-se como o primeiro espaço coletivo de socialização fora da família e pode promover o contato com um conjunto de conhecimentos que ela não pode vivenciar espontaneamente na sua vida social. As ações educativas devem ser pensadas a partir da interação entre sujeitos, pois as aprendizagens se dão por meio do contato da criança com o ambiente cultural e social, o que requer cuidadoso planejamento, acompanhamento, reflexão e avaliação.A criança na educação infantil é considerada um ser social , que pensa, participa interage com seus pares e adultos dentro e fora da escola. Ela cria suas próprias estratégias para resolver problemas ou conflitos e quando não consegue utiliza-se de transgressões criativas que lhe permite encontrar brechas para exteriorizar toda sua ludicidade, criando espaço para brincar e ser criança. Por meio das rodinhas é capaz de expressar suas emoções, medos, angústias, alegrias e tristezas de maneira crítica e sincera. A metodologia é pautada em atividades lúdicas e significativas. A rotina diária possibilita o desenvolvimento de hábitos e atitudes que irão permear todo o seu percurso escolar e sua vida em sociedade.
Nesse sentido, a transição da educação infantil para o primeiro do ensino fundamental de nove anos, significa um momento difícil para a família, e principalmente para criança, pois rompe com toda sua vivência, vínculos afetivos já estabelecidos e com as exigências dessa nova fase escolar, o impedimento daquilo que ela mais gosta, ou seja, brincar, ser criança, ser feliz.
É preciso planejar essa transição levando em consideração a possibilidade de uma adaptação gradativa, em que priorize as atividades lúdicas e significativas, respeitando o ritmo e o jeito de ser de cada criança.
Para que a escolha seja feita com tranquilidade, alguns pontos básicos devem ser considerados: •ça antes uma seleção de escolas; procure conhecer a proposta pedagógica e a concepção de educação de cada uma;
•É importante por meio de entrevistas saber qual a concepção que a cada escola tem de criança;
•saber como é a rotina das crianças no primeiro ano de ensino fundamental e como é a planejado o período de adaptação;
•com a criança sobre o assunto aos poucos e com calma, pois de início ela pode apresentar alguma resistência;
•a criança para conhecer somente as escolas que, em sua percepção, ela poderá adaptar com mais facilidade;
•É importante a participação efetiva da criança na escolha da escola, respeitar suas sugestões ou críticas;
•primeiras semanas, após o início do ano letivo, observe se há mudança brusca de humor, de comportamento, isolamento ou falta de interesse em realizar as atividades. Caso aconteça procure solucionar o problema junto com a coordenação da escola o mais rápido possível para evitar problemas futuros.
Vale ressaltar que a melhor escola é aquela onde a diversidade é respeitada, a criança se sente adaptada, interage, socializa e principalmente que se sente feliz. Sônia Barbosa de Almeida -
A criança e o consumismo
Vivemos tempos extremamente e excessivamente consumistas. Esta é uma realidade diante da qual a família não pode fechar os olhos, afinal cabe a ela um papel fundamental na educação da criança, sendo este aspecto importantíssimo, se considerarmos as projeções do consumismo na vida do ser humano, no presente e no futuro. Inicialmente convém ressaltar que não podemos confundir consumidor comconsumista. Todos somos consumidores pela própria necessidade de sobrevivência física: precisamos de alimentos, roupas, produtos, serviços em geral etc. Assim, não estamos propondo que todos façamos “voto de pobreza” e eliminemos qualquer traço de consumo de nossas vidas. Seria fora de propósito. O nosso foco, portanto, não é o consumidor e sim o consumista, especialmente a criança consumista. Não podemos desconsiderar que a publicidade– especialmente em nosso país – evidencia inegável competência para despertar “desejos” e supostas "necessidades” de consumo em um mercado de grandes proporções: a infância. Quando observamos a competição que se estabelece entre as crianças, com maior ou menor intensidade, em relação a objetos de uso: roupas, produtos em geral, viagens, etc. percebemos o reflexo da influência do consumismo em suas vidas. Há uma realidade de todos conhecida: em geral as crianças estão bem mais familiarizadas com produtos de marca, que os próprios adultos. Roupas de marca, brinquedos, mochilas, celulares, produtos de beleza - sim, produtos de beleza para o consumidor infantil - são farta e sedutoramente oferecidos pela mídia. Os pais sentem-se pressionados pelos filhos para comprarem produtos que estão “na moda’, produtos que o vizinho, que o melhor amigo, que o colega já possui.
Muito do que se consome hoje em dia não é “necessário” e sim “desejado”.O necessário é o indispensável, é algo do qual não se pode prescindir. Já o desejado, como o próprio termo sugere, vem ao encontro de um desejo, da mais variada natureza. O consumismo infantil tem sido motivo de pesquisas que nos mostram um quadro estarrecedor: o mercado de produtos voltados para a criança cresce a cada dia, alimentado pela competente publicidade que seduz e induz os pais a atenderem os filhos em seus desejos, despertando precocemente na criança muitos aspectos que deveriam surgir naturalmente com o tempo.
Tal qual um vírus inoculado nas mentes infantis, o pensamento consumista atua de forma avassaladora, despertando nas crianças o desejo de serem admiradas, de precoce ostentação diante de amigos e colegas, em flagrante distorção dos reais valores que devem formar o caráter. A criança influenciada por este pensamento, vai perdendo suas características naturais, sua infância vai sendo comprometida no que possui de mais belo. É impressionante o volume de publicidade voltada para o público infantil, por conta da grande influência e da vulnerabilidade das mentes infantis, presa fácil de tais apelos publicitários. Os pais devem estar muito atentos para não estimularem, inadvertidamente a adquirirem esta verdadeira enfermidade o consumismo. Nunca é demais ressaltar que esta doença muitas vezes é fomentada pela inconsciência das próprias famílias, ao atenderem os caprichos dos filhos – crianças e adolescentes – diante dos apelos da publicidade. Portanto, na maioria das vezes os próprios pais contribuem para transformarem os filhos em consumistas. Para tanto, chegam a comprometer as finanças familiares, contraindo dívidas, seduzidos pelas facilidades dos cartões de crédito e outras benesses que a sociedade de consumo oferece. É sempre importante lembrar: pais consumistas formam filhos também consumistas.
Sabemos que é na infância que se formam as bases e se plantam as sementes que germinarão no futuro.. Não é difícil concluir o resultado da falta de valores reais, substituídos pela aparência sedutora do “ter”, em detrimento do “ser”.
Os pais e a escola estão diante de um desafio de grandes proporções: reverter o quadro que ora se apresenta, ou seja, trabalhar intensamente para que as crianças de hoje sejam “vacinadas” contra o vírus consumista. Só há um caminho: o do cultivo dos valores reais que levam ao reconhecimento de que a posse de bens materiais, embora importante, constitui-se em meio para a posse de bens efetivos e duradouros, relacionados ao “ser”.
É fundamental, pois, a consciência do papel da escola e da família no processo de formação de uma criança que aprenda a discernir entre o ter e o ser e a compreender o real papel da posse de bens.
Francisco Liberato Póvoa- Diretor Geral.
Espaço de aprendizado precisa ser significativo para a criança
Pode-se dizer que o bom funcionamento de uma escola está diretamente relacionado à plena organização de sua infra-estrutura a serviço de um plano educacional. Afinal, toda proposta pedagógica séria deve levar em consideração o ambiente interno, se ele está adaptado às necessidades de uma criança pequena e se pode ser bem aproveitado para o ensino e a aprendizagem.
De acordo com as coordenadoras pedagógicas da Vila da Criança Flavia Lamounier, Cristina Rievers e Cláudia Felga, dentre vários aspectos avaliados pelos pais para a escolha de uma escola, conhecer os espaços físicos da instituição tem sido critério muito valorizado pelas famílias. “Preocupados com o bem-estar de seus filhos, pais procuram escolas que oferecem diferentes espaços como, por exemplo, quadras de esporte, biblioteca e laboratório”, explica Cláudia. No entanto, as coordenadoras questionam: “Será que é pelo fato de as crianças terem acesso a variados espaços que elas se desenvolvem? O tamanho dos espaços influencia na formação dos alunos? O espaço escolar influencia no desenvolvimento infantil?”
Dentro da análise do ambiente interno, em sintonia com esses questionamentos, a pedagoga Flavia destaca que existe uma diferença entre se ter o espaço físico adequado e a forma escolhida para utilizá-lo. “Acreditamos que o espaço escolar pode influenciar no desenvolvimento da criança. Não pelo fato de ser grande ou pequeno, de ter muitos ou poucos lugares por onde a criança possa passar, mas, principalmente, porque o espaço é reconhecido e percebido pela criança como linguagem”, afirma.
O espaço, portanto, não deve ser reduzido ao que pode ser medido, mas deve ser avaliado por seu sentido relacional: o que há no ambiente que convida a criança a agir, a pensar, a explorar seus objetos e suas perspectiva? O que há nesse espaço que a convida a entrar em contato com as outras crianças e com os adultos?
A esse respeito, as coordenadoras pedagógicas ressaltam a importância de se perceber o ambiente escolar com o olhar de uma criança, como forma de verificar os impactos na vida dos alunos, em sua participação na instituição de ensino. “Com esse olhar, descobrimos que a pergunta a ser feita não deve ser ‘o que esse ambiente me ensina?’, mas sim ‘o que aprendo nesse ambiente estando vivendo nele?’”, aponta Cristina. Nesse contexto, o ensinamento do educador italiano Loris Malaguzzi, em seu trabalho de referência mundial nas escolas de Reggio Emilia, no norte da Itália, auxilia na compreensão do ambiente das instituições educativas: “Valorizamos o espaço devido a seu poder de organizar, de promover relacionamentos agradáveis entre pessoas de diferentes idades, de criar um ambiente atraente, de oferecer mudanças, de promover escolhas e atividades, e a seu potencial para iniciar toda a espécie de aprendizagem social, afetiva e cognitiva. Tudo isso contribui para uma sensação de bem-estar e segurança nas crianças. Também pensamos que o espaço deve ser uma espécie de aquário que espelhe as idéias, os valores, as atitudes e a cultura das pessoas que vivem nele.” (MALAGUZZI, 1984).
O ambiente interno da escola deve, portanto, atender às reais necessidades da criança pequena e se adaptar às realidades e transformações do ciclo da infância. Escola Vila da Criança.
O desenvolvimento moral e os contos de fadas
Sabemos da importância de criarmos o hábito da leitura ou da contação de histórias para as crianças desde a tenra idade. Este hábito favorecerá o desenvolvimento da criança em diferentes aspectos, como a ampliação da fala com enriquecimento do vocabulário, desenvolvimento da moralidade infantil por meio da partilha de ideias a partir do tema abordado na história e ampliação da visão de mundo.
De uma visão micro da realidade na qual a criança está inserida, ela poderá, por meio de uma fantástica viagem ao mundo da literatura infantil, descortinar um mundo macro dotado de inúmeras possibilidades.
Na escola ou em casa, um momento simples de conversa com contação de história poderá ser rico em informações a partir das trocas de ideias e das discussões decorrentes do tema trabalhado na história em questão. Não só informações, mas sentimentos e ideias de cada um são socializados em grupo.
É importante a criança começar a perceber que o que pensa e sente nem sempre coincide com o pensar e sentir das outras pessoas. Neste momento, a criança começa a superar o egocentrismo de seu pensamento e a discussão de dilemas morais. Estas situações podem ser organizadas previamente pelo adulto ou surgirem espontaneamente a partir da colocação de um membro do grupo. O mais importante neste momento é propiciar a troca de diferentes pontos de vista e também ensinar a criança a pensar. O adulto terá o papel de mediador, intervindo com perguntas que levem a criança a questionar suas próprias opiniões. Quanto mais situações parecidas a criança se defrontar, com certeza as discussões se tornarão cada vez melhores.
O desenvolvimento da moralidade é construído a partir da interação do sujeito com as experiências, com as pessoas e as situações, não sendo simplesmente ensinado ou transmitido. O adulto selecionará os contos de fadas que possuam conflitos entre os personagens propiciando assim reflexões da criança a partir de dilemas presentes nas histórias. As intervenções do adulto são fundamentais para garantir a continuidade de debate após a leitura da história. Só deverá cuidar para não emitir sua opinião e nem um juízo de valor, pois a criança nesta fase é heterônoma evitando induzir ou influenciar o julgamento dela.
No desenrolar da história, a criança identificará os sentimentos dos personagens. Por meio do exercício da reflexão ela será capaz de construir uma postura crítica, autônoma e de respeito em relação aos outros. Em outras palavras, atingiremos um dos objetivos da educação que é a construção da cidadania.
É no momento da conversa que a criança terá oportunidade de discutir a conduta dos personagens, emitir juízo sobre as ações deles, sobre os motivos que os levaram a agir de determinada maneira, buscando soluções para os conflitos existentes.
Por estar vivendo o realismo moral, a criança é muito mais severa para avaliar o outro que para avaliar sua própria conduta, considerando muito mais a materialidade que a intencionalidade.
Concluindo, podemos dizer que uma criança que é encorajada desde bem pequena a discutir, refletir e emitir opinião, confrontando-a com outras pessoas, sem receio de errar, será sem dúvida um adulto mais crítico e autônomo.
Simone Maria Machado da Silveira – Psicóloga Escolar e Diretora do Sistema Educacional Primeiros Passos.
Pedagogia Waldorf?
“Um novo dia já vai começar. E com amor hoje eu quero trabalhar. Os meus braços lá para o céu vou esticar. Para que um raio de sol eu consiga pegar. Em meu coração bem quentinho ele vai ficar. E com a sua luz intensa eu também irei brilhar.”
O que é a Pedagogia Waldorf?
A Pedagogia Waldorf é baseada nas observações de Rudolf Steiner sobre a entidade humana. Ele chamou de Antroposofia à sistematização do conhecimento que obteve em suas pesquisas (Anthropos = homem; Sofia = conhecimento. Antroposofia = conhecimento da natureza humana).
Steiner descreve o ser humano sob vários ângulos complementares. Dois deles têm efeito direto na educação: a constituição humana, e o desenvolvimento da personalidade em ciclos de 7 anos (setênios).
O que é uma Escola Waldorf?
A primeira escola Waldorf surgiu em 1919, na Alemanha, sob a orientação de Rudolf Steiner (1861-1925), filósofo, cientista e artista austríaco. Ela foi criada a pedido de Emil Molt, industrial, para atender os filhos dos operários e funcionários da fábrica de que era diretor. Foi uma experiência de sucesso.
Hoje, as escolas Waldorf formam a maior rede de ensino em crescimento no planeta. Estão nos cinco continentes. E embora tenham sido criadas na Alemanha, buscam incentivar e incorporar a cultura do país em que se encontram.
No Brasil, a primeira escola foi criada em 1956, em São Paulo. A partir de então, o movimento tem se expandido com novas escolas em Florianópolis, Ribeirão Preto, Friburgo, Juiz de Fora, Botucatu, Belo Horizonte, entre outras.
Não há administração central; cada escola é independente. Há, contudo, associações que apóiam o movimento, promovendo congressos de atualização de professores e muitas vezes, ajuda financeira para escolas de poucos recursos materiais.
A organização administrativa de cada instituição Waldorf também segue o principio da auto-gestão. Não há dono nem diretor, mas conselhos. Os professores são plenamente responsáveis pelos seus procedimentos pedagógicos, porém trabalham muito em equipe.
Os pais e a família têm papel preponderante na escola. Geralmente se entusiasmam pela proposta e colaboram para que ela possa ser viabilizada.
Educação para além da redoma
O que fazer para que a criança e o adolescente tenham condições para se defender. Todos nós, envolvidos com a educação de crianças e adolescentes, já nos deparamos em algum momento com a seguinte questão: “Será que estou protegendo demais? Ou será que estou permissivo além da medida? Tenho oferecido condições para que essa criança ou adolescente saiba se defender no futuro?”.
Se cuidarmos de um recém-nascido com extrema rigidez nos aspectos de higiene, certamente não estaremos lhe oferecendo condições para que seu corpo possa se defender pois, com o excesso de proteção, corre-se o risco no primeiro contato com um meio mais adverso, contrair infecções e ficar sujeito a diversas enfermidades. Sabemos também,que o contato extremo com a limpeza não o fará um ser saudável. É no contato com o meio, real que criará defesas.
Mas por outro lado, um recém-nascido necessita de proteção, de cuidados, de vacinas! Não pode tomar contato direto com o meio que o cerca. Existe uma fragilidade própria de sua condição. Pois bem, analogamente em relação à formação de sua parte moral, mental e espiritual, como posso oferecer uma educação equilibrada? Como ajudar a formar pessoas que vivam dentro de uma realidade na qual devam saber se defender? Como preservar a inocência e, ao mesmo tempo, ensinar sobre a realidade? Um dilema de muitos educadores!
O que queremos é formar seres íntegros, invulneráveis e valentes. E isso é algo que ocorre gradualmente: um processo. A princípio, a palavra de ordem é: proteção. Devemos estar muito atentos ao que a criança ouve, presencia, toma contato e vê. No entanto, aos poucos, à medida que sua razão desenvolve, que vai conseguindo, com nossa ajuda, discernir, o certo do errado, o bom do ruim. Poderemos ir lhe mostrando alguns perigos e algumas precauções que deve ter. Para isso, há muito o que plantar nestas mentes e corações: é preciso ensinar-lhes a pensar, a se colocarem no lugar do outros; apresentar-lhes pequenos problemas do dia-a-dia para serem resolvidos, mostrar-lhes que a luta é lei da vida e que uma pessoa de valor é mais feliz. Afinal de contas, como bem diz a Pedagogia Logosófica, conseguir que as gerações futuras sejam mais felizes que a nossa, será o prêmio mais grandioso a que se possa aspirar. Não haverá valor comparável ao cumprimento dessa grande missão, que consiste em preparar para a humanidade futura um mundo melhor.
Graciela Ribeiro - Pedagoga e Professora do Colégio Logosófico de Belo Horizonte.
Ajudando a criança na construção da sua identidade
Sabemos que a identidade é construída desde que nascemos, mas como será que os adultos têm contribuído para a construção das nossas crianças?
Se quisermos um mundo melhor é inevitável que olhemos para as sementinhas que estamos cultivando, pois elas, nossas crianças, serão os pais de uma geração e os governantes de um país.
Ao considerarmos que durante os sete primeiros anos de vida formamos 80% da nossa personalidade, percebemos a importância da educação infantil. Através do estímulo do professor, dos pais e das pessoas que de alguma forma servem de exemplo para a criança, ela constrói sua identidade, experimentando, identificando suas preferências, reconhecendo seus limites e se conhecendo todos os dias um pouco mais.Essa construção se inicia ao nascermos e só termina ao final de nossas vidas, mas é fato que palavras ditas e mensagens traduzidas em gestose olhares durante a infância são marcantes e deixam sinais que levamos para a vida toda. Pensando nisso, é hora de revermos posturas e pensamentos sobre como conduzimos a educação de nossas crianças, pois certamente o que estimularmos agora, colheremos mais tarde.
John Powell, em seu livro Por que tenho medo de amar?, diz que somos amplamente formadospor outras pessoas que, de um modo quase assustador, detêm nosso destino em suas mãos, pois “Somos todos produtos daqueles que nos amaram... ou se recusaram a nos amar.” É quase impossível aceitar que a autoimagem que construímos seja produto daquilo que outras pessoas nos disseram. E nós, pais e educadores, como temos ajudado nossas crianças na construção da sua identidade, da sua autoimagem e da sua autoestima?
Temos valorizado e reforçado comportamentos positivos, ou nos apegado apenas ao errado e negativo?
Temos valorizado suas características físicas, ajudando-as na construção da sua autoimagem ou temos imposto padrões de beleza que ameaçam a sua autoestima e sua identidade?Temos conduzido a educação com base no amor e no respeito, ou temos repreendido-as e punido-as.
Temos aberto espaço para diálogo, trocas e negociações ou somos autoritários, impondo nossas idéias?
Temos promovido construções positivas através de modelos positivos? Ou temos cobrado o que nem nós fazemos?
Temos estimulado-as a expressarem seus sentimentos e desejos e a se conhecerem melhor, ou temos reprimido esses sentimentos?Temos deixado que sonhem e busquem realizar seus sonhos, sendo crianças autônomas, empreendedoras e felizes? Ou temos imposto nossos sonhos a elas ou até mesmo as impedido de sonhar?
Enfim, pensem em como estamos ajudando nossas crianças e tenham claro que o investimento dado para a construção da identidade das mesmas merece um lugar de destaque, porque o desafio maior de toda vida é o do autoconhecimento e da autoaceitação, bases para uma vida feliz!
Lilian de Oliveira Costa - Diretora Pedagógica da Escola Visconde de Sabugosa.
Educação infantil: Uma expressão de amor
Minha reflexão hoje é sobre o professor da educação infantil. Trabalho com professores, meus colegas de profissão, há vários anos. Cheguei à conclusão que educar é acima de tudo um dom, uma expressão de amor. O professor infantil deve ter um diferencial sobre as outras profissões. Exige-se dele todos os requisitos necessários para desenvolver bem uma profissão. E, além disso, devem ser afetivos, amigos e pacientes já que o saber só é transmitido quando há respeito e confiança. É através de um olhar doce, de um colo afetuoso de uma conversa franca, de saber dizer não com sabedoria e afeto que se trava um diálogo interno que pode durar a vida toda. O professor é artista, é palhaço, é cantor, é atleta, é espelho, ensina condutas, transmite valores.
Quem não se lembra de pelo menos um professor que nos acolheu, nos acalentou, nos ouviu, nos fez sorrir e nos deu a mão em momentos de medo e ansiedade? Estes profissionais que são mestres em encantar, despertar o interesse e aguçar a curiosidade, tem a educação como objetivo de vida.
Pergunte hoje a um vestibulando, quem deseja ser professor. Com certeza são poucos.Quem, em sã consciência, vai fazer um curso superior e não ser reconhecido financeiramente e imediatamente pelo trabalho que faz?
Apenas os que fazem por amor, por paixão. Os que não estão preocupados em apenaster, mas em fazer uma transformação que começa na mente de cada criança. Procure sempre estar próximo ao professor de seu filho. Ele é o elo mais importante para a formação do tripé família/escola/aluno. Através dele os pais terão as informações mais corretas do desenvolvimento físico/cognitivo/emocional do seu filho.
Aproveite esta chance!
Escola Bilboquê.
SSUGESTÕES